Policia

Bahia lidera ranking de pesquisa sobre mortes

O número de chacinas registradas na Bahia entre os anos de 1988 e 2023 coloca o Estado em destaque no Mapa de Chacinas Norte e Nordeste. O levantamento foi realizado em parceria entre a Rede Liberdade e o grupo de pesquisa e extensão Clínica de Direitos Humanos do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), divulgados exclusivamente pelo g1 neste domingo (1º).
O levantamento identificou que as 489 chacinas registradas entre 1988 e 2023 resultaram em 2.117 mortes. Desse total, 339 ocorrências foram na região Nordeste e levaram a 1.291 mortes. No Norte do país, foram 150 chacinas com 826 vítimas.
Segundo a pesquisa, 2015 foi o ano com o maior número de casos: 64. No entanto, em 2017 houve o maior número de mortes, 384 no total.
Apesar de não haver um perfil racial, a pesquisa mostra que as chacinas atingem comunidades negras, quilombolas e indígenas de forma desproporcional, o que acaba sendo intensificado pela falta de monitoramento e responsabilização dos autores.
Para o historiador e especialista em Segurança Pública Dudu Ribeiro, as chacinas estão dentro de uma lógica interna de guerra, e que se pode sim caracterizar como um massacre racial. Além disso, fazem parte do repertório de um tipo de policiamento pautado em uma lógica da violência, da ocupação violenta dos territórios e do inimigo interno pensado como a população negra e periférica do país.
“Em grande parte está relacionado com a chamada guerra às drogas, que não é uma guerra contra substâncias, mas sim uma guerra contra pessoas e determinadas pessoas e seus territórios”, apontou.
Dentro desse contexto, ele problematiza o entendimento que se consolidou de que operações especiais de alta letalidade estão relacionadas à eficácia e eficiência. Fato que vai de encontro ao que deveria ser o papel das forças de segurança, cujo papel é de proteger vidas.
Decisões políticas e de gestão contribuíram para que o estado tivesse destaque negativo no tema segurança pública, mas não só elas, acredita Dudu. Para ele, não é uma crise de gestão que acontece na Bahia, mas sim uma crise do modelo adotado no estado “baseado na lógica da guerra”. Diante disso, ele vê a necessidade de repensar a lógica da segurança pública.
“Um modelo baseado no militarismo que é construído em todos os lugares do mundo para a eliminação do inimigo e a proteção do território e não com a prioridade da proteção da vida”, criticou.

Fonte G1

 Foto: Divulgação/Prefeitura de Jequié

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